A condução da política monetária nos EUA
Temas de textos recentes que achei interessante compartilhar como recomendação de leitura desta newsletter.
Com o forte aumento das taxas de inflação em diversas economias em 2021-2022, a condução da política monetária — especialmente no que toca as decisões do banco central dos EUA — tem ganhado destaque em diversos espaços dedicados à artigos de opinião. Trago aqui alguns deles que figuraram recentemente no Project Syndicate e no VoxEU.
Será que o Federal Reserve vai “passar do ponto”?
Essa é a questão central do texto publicado por Raghuram Rajan intitulado Will the Fed Over Do It?. Considerando certa assimetria no balanço de riscos, o autor entende que há um compromisso da entidade monetária em trazer a taxa de inflação para baixo, ainda que o seu mandato também tenha objetivos relacionados à atividade econômica, como exponho abaixo em
o Fed estaria disposto a dar mais peso na taxa de inflação. Mas antes de saber se vai elevar a taxa de juros além do necessário, há quem questione as etapas anteriores.
Será que o Federal Reserve já não passou do ponto?
Joseph Stiglitz há algum tempo vem advogando que a condução da política monetária por parte do banco central norte-americano tem sido errônea, na medida em que, de acordo com o que o autor expressa em How Not to Fight Inflation, o aumento da inflação seria resultado de choques de oferta, aumentos na taxa de juros não só terão custos em termos de atividade econômica, como também terão pouca efetividade.
Em Central Banks Should Slow Down, Lucrezia Reichlin não questiona necessariamente a forma, mas a intensidade e, especialmente, a velocidade do aperto monetário. Ela também questiona a sincronia nos aumentos das taxas de juros em economias cujos choques nas taxas de inflação tiveram origens diferentes.
Otimismo precoce?
Em meio à discussão sobre a condução (e as consequências) do aperto monetário nos EUA (e no resto do mundo), Kenneth Rogoff elenca motivos pelos quais deveríamos ser cautelosos mesmo em meio à uma leva de divulgação de indicadores cujos resultados foram melhores do que o esperados. Você pode conferir a opinião do autor em Too Soon for Global Optimism.
Ainda nessa linha de conter o otimismo, quando lembramos no comportamento em “U” das taxas de juros nos últimos anos, à partir do trabalho de Gabriel Jiménez, Dmitry Kuvshinov, José-Luis Peydró e Björn Richter, sintetizado em Monetary policy, inflation, and crises: New evidence from history and administrative data, podemos perceber que esse movimento de forte aumento após um ciclo de queda está associado à grandes crises, como ilustra a figura presente no trabalho dos autores:
Quais outros textos sobre política monetária você tem lido e que gostaria de ver aqui na newsletter?