Foto e filme do investimento em infraestrutura no Brasil
O relatório anual do projeto Infra 2038 traz análises interessantes e resultados importantes sobre o comportamento dos investimentos em infraestrutura no Brasil.
Não é de hoje que a ciência econômica se preocupa em entender o que explica a (diferença entre a) riqueza das nações. Tratei de alguns determinantes em texto para O Estado da Arte,
bem como sobre o viés do progresso tecnológico e seus impactos de longo prazo:
Para acomodarmos as agendas de desenvolvimento econômico-social, outrora relegadas a um incomodo segundo plano, na construção do que entendemos por um Brasil no futuro, os investimentos em infraestrutura são cruciais. O acompanhamento detalhado desse universo é apresentado no Relatório 2021/2022 do Projeto Infra 2038, cuja elaboração técnica foi feita pela Pezco Economics.
Neste texto, eu destaco apenas alguns pontos do vasto material apresentado, mas recomendo fortemente a leitura do relatório completo. Imagino que aqui vocês encontrarão o relatório quando o mesmo for divulgados nas redes sociais, mas fico à disposição para enviar o mesmo, caso não consigam encontrá-lo.
A grande pergunta feita no relatório é:
“Quão relevantes são os novos leilões para crescimento da economia e para uma efetiva ampliação do estoque de infraestrutura no país?”
Os resultados são interessantes. Estima-se
“um impacto direto de 0,1 ponto percentual de contribuição efetiva no crescimento neste ano, chegando a 0,15% no próximo ano”,
sendo que os autores acreditam, com base nos resultados da literatura, que os impactos indiretos podem chegar a um efeito na taxa de crescimento econômico em torno de 0,3 a 0,6 ponto percentual. Não é pouca coisa, sem falar que os investimentos em infraestrutura não aumentam apenas o PIB, mas também o PIB potencial.
Para se ter uma ideia da tendência positiva nessa esfera, o relatório aponta que o investimento em infraestrutura será, em 2022, algo em torno de 1,87% do PIB, crescimento na participação frente ao 1,58% de 2021. Para 2023, a projeção é de 1,91% do PIB.
No relatório, os autores destacam ainda que
“os consórcios intermunicipais são uma tendência entre os novos atores em contratos de longo prazo com o setor privado”,
destacando, portanto, um formato poderá ter papel relevante nos próximos anos, elemento-chave para quem quiser aturar e/ou acompanhar a evolução desse setor com maior proximidade.
O relatório ainda contém diversos gráficos interessantes, mas eu gostaria de destacar três dados sobre os investimentos em infraestrutura: a composição setorial (qual), a distribuição geográfica (aonde) e o montante acumulado (quanto).
Qual infraestrutura?
No que tange a composição setorial, o relatório traz um gráfico sobre os leilões ocorridos na B3 ao longo do tempo. Nele, percebemos não apenas uma tendência positiva ao longo dos anos, como uma mudança na participação relativa dos setores:
Aonde investimos?
Interessante notar que para quase todos os setores, com excessão do de energia elétrica, há uma clara concentração geográfica:
Quanto (estoque de) capital
Finalmente, o prognóstico para a capacidade instalada, medida pelo acúmulo do dispêndio com capital infra-estrutural ao longo do tempo, deve apresentar contribuição positiva para o PIB (e para o seu potencial) durante vários anos ainda:
O investimento em infraestrutura é crucial para podermos destravar a agenda de crescimento econômico inclusivo, uma vez que até a igualdade de gênero ele promove, conforme elaborei no texto intitulado Política econômica e desigualdade de gênero, publicado no jornal Valor econômico em 2018. Que bons ventos tragam mais investimento em infraestrutura, o Brasil precisa muito!