O efeitos das reformas estruturais
A integração entre estimativas econométricas e modelos estruturais é um caminho interessante para avaliar o impacto de reformas de longo prazo.
Para um subconjunto das política econômicas que é desenhado com objetivo de proporcionar aumentos permanentes na oferta agregada, ou seja, na capacidade produtiva da economia no longo prazo, damos o nome de reformas estruturais. Mensurar os seus efeitos é tarefa hercúlea, mas diversos economistas se propõem a abordar essa questão. O interessante trabalho de Emanuela Ciapanna, Sauro Mocetti e Alessandro Notarpietro, sumarizado em recente coluna do VoxEU, é um exemplo interessante e motivou este breve texto.
Os autores abordaram os efeitos de três reformas na Itália: liberalização no setor de serviços, incentivos à inovação e reforma na justiça civil. Eles combinam estimativas microeconométricas com um modelo estrutural e fazem uma análise contrafactual para quantificar o efeito das reformas: comparam-na com um cenário base no qual elas não teriam ocorrido.
A figura abaixo, retirada do texto, apresenta resultados super interessantes. As maiores contribuições da reforma no que tange a dinâmica do PIB vieram por meio da produtividade total dos fatores, tanto no setor de serviços, quanto do aumento na produtividade à partir dos dos incentivos à inovação na indústria.
Na taxa de inflação, o aumento da produtividade nos dois setores também foi determinante para mantê-la sistematicamente abaixo do nível de longo prazo entre 2010 e 2020.
Curiosamente, no entanto, para o emprego e para a taxa de desemprego, a maior contribuição para manter o primeiro acima do nível espeardo, e a segunda abaixo dele, foi a redução no poder de mercado, que se manifestou pela queda dos markups.
Quanto mais trabalhos integrarem estimativas econométricas com modelos estruturais, melhor será o desenho das política econômicas de longo prazo (ou, pelo menos, a avaliação das mesmas). É preciso cuidar da riqueza das nações ao longo do tempo para desenharmos um amanhã melhor.
Muito massa! Alguém fez alguma avaliação similar da reforma trabalhista no Brasil?