A pandemia em um modelo RBC simples
O impacto da crise gerada pela pandemia da Covid-19 sob a ótica de um modelo de ciclos de negócios reais.
Em texto anterior, abordei a dinâmica da pandemia do ponto de vista de modelos novo-keynesianos (NK) após três tipos de choques: de produtividade, de demanda e de custos, os quais acontecem em momentos distintos do tempo:
Com o desenrolar do curso de introdução aos modelos DSGE que tenho ministrado, decidi estender o exercício também para o modelo de ciclo de negócios reais (RBC no acrônonimo em inglês) exposto no capítulo 2 do livro Understanding dsge models: theory and applications.1
Fiz adaptações ao exercício anterior, uma vez não há curva de Phillips no modelo RBC, então o choque de custos entrou direto na função de produção. Mas é interessante notar na figura abaixo que o modelo capta de maneira bem interessante a dinâmica da pandemia. Assim como no exercício com os modelos NK, introduzi primeiro dois choques negativos: na produtividade e na demanda.
Note como um modelo simples como o RBC capta diversas características da crise, como a queda rápida do produto e dos juros (aqui medidos como retorno do capital), bem como do consumo e das horas trabalhadas, e suas respectivas recuperações.
Depois, com a vacinação e fim de lockdowns, por exemplo, introduzi após alguns trimestres do início da pandemia choques positivos de demana e produtividade. No momento que a economia experimenta crescimento, há desorganização das cadeias produtivas e, com ela um choque de custos (podemos, inclusive, pensar nos desdobramentos da guerra na Ucrânia como outra fonte desse tipo de choque). As consequências estão no conjuntuo de gráficos expostos anteriormente.
Um exercício interessante seria simular, como fiz com outro modelo NK…
…o que esse modelo prevê para a recuperação da economia a partir de agora e contrastá-lo com o modelo NK. O que acham desse exercício?
Costa, C. (2018). Understanding dsge models: theory and applications. Vernon Press.