O que os brasileiros buscam quando as coisas vão mal?
Como as buscas no Google Brasil por alguns termos-chave estão relacionadas com as recessões brasileiras.
O meu curso de Projeções Macroeconômicas: Teoria e Prática…
…está se encaminhando para a sua nona aula (serão 12 encontros no total). Nela, iremos abordar modelos de nowcasting, com foco na projeção de crescimento econômico através do PIB brasileiro.
Como existe certa associação entre as buscas na internet e o ciclo econômico, sem falar que os modelos de previsões podem ter uma maior acurácia quando incorporam esse tipo de variável, eu decidi adicioná-las ao modelo de projeção.12 Ao fazer isso, devemos ter cautela e cuidado esse tipo de variável.3
E, antes de mais nada, como eu sempre reforço aos meus alunos, devemos olhar os dados!
Consideremos três termos de busca: “seguro desemprego”, “recessão” e “crise econômica”. Em todos os gráficos, as áreas hachuradas representam os períodos de recessão definidos pelo CODACE.
Seguro desemprego coincide com recessões
Preocupação natural dos agentes (especialmente aos mais expostos à mudanças no ciclo econômico), quando a atividade econômica começa a se deteriorar, as pessoas tendem a fazer mais buscas utilizando a expressão “seguro desemprego”.
‘Recessão’ antecipa recessões, mas às vezes é alarme falso
Na mesma linha, o termo “recessão” também é bastante buscado durante as recessões, mesmo que em 2004-2005 tenha sido muito mais utilizado do que na recessão 2014-2016.
Busca por “crise econômica” foi mais forte em 2008
Como quando as coisas vão mal muitas pessoas utilizam a expressão “crise” (ainda que, formalmente, nem toda recessão configure uma crise), também fui olhar como as buscas por essa expressão se comportam no google. Embora tenham crescido em 2008 e durante a Covid, nenhum pico chegou perto do começo da amostra e o comportamento durante 2014-2016 foi tímido, o que me faz duvidar um pouco da capacidade desse termo em melhorar as previsões de modelos macroeconométricos.
E você, quais outras expressões acredita que podem estar associadas ao ciclo econômico?
Para uma relação entre buscas na internet e recessões durante a Covid, veja:
Van der Wielen, W., & Barrios, S. (2021). Economic sentiment during the COVID pandemic: Evidence from search behaviour in the EU. Journal of Economics and Business, 115, 105970.
Alguns exemplos de utilização dos dados de busca no google para melhorar a acurácia das projeções são:
Artola, C., & Martínez-Galán, E. (2012). Tracking the future on the web: construction of leading indicators using internet searches. Banco de Espana Occasional Paper, (1203).
Askitas, N., & Zimmermann, K. F. (2009). Google econometrics and unemployment forecasting. Applied Economics Quarterly, 55(2), 107-120.
Ferrara, L., & Simoni, A. (2022). When are Google data useful to nowcast GDP? An approach via preselection and shrinkage. Journal of Business & Economic Statistics, 1-15.
Koop, G., & Onorante, L. (2019). Macroeconomic Nowcasting Using Google Probabilities. In Topics in Identification, Limited Dependent Variables, Partial Observability, Experimentation, and Flexible Modeling: Part A. Emerald Publishing Limited.
Mihaela, S. (2020). Improving unemployment rate forecasts at regional level in Romania using Google Trends. Technological Forecasting and Social Change, 155, 120026.
Naccarato, Alessia, Stefano Falorsi, Silvia Loriga, and Andrea Pierini. 2018. “Combining Official and Google Trends Data to Forecast the Italian Youth Unemployment Rate.” Technological Forecasting and Social Change 130: 114–22.
Combes, S., & Bortoli, C. (2016, October). Nowcasting with Google Trends, the more is not always the better. In CARMA 2016: 1st International Conference on Advanced Research Methods in Analytics (pp. 15-22). Editorial Universitat Politècnica de València.
Medeiros, M. C., & Pires, H. F. (2021). The proper use of google trends in forecasting models. arXiv preprint arXiv:2104.03065.
Promoções, descontos, renda extra.