Por que o Banco Central não baixa os juros de uma vez?
Os motivos pelos quais os bancos centrais são cautelosos na condução da política monetária.
Na reunião do começo de agosto deste ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu cortar a taxa de juros em 0,5 ponto percentual e sinalizou na sua ata que “[c]om relação aos próximos passos, os membros do Comitê concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.” Surge, portanto, uma dúvida: se já há intenção de cortar mais a taxa Selic, por que esperar?
Foi justamente esse o tema que abordei na minha coluna no iG Economia. (Vou adorar que você leia e me diga o que achou!) A análise foi inspirada em um discurso de Ben Bernanke intitulado Gradualism.
A literatura sobre a suavização da condução da política monetária não é nova. Por exemplo, Michael Woodford no seu texto intitulado Optimal interest-rate smoothing aborda, em um modelo relativamente simples, porque, em uma economia na qual os agentes tomem as suas decisões baseadas em expectativas, é interessante para o banco central conduzir a política econômica (nomeadamente através das escolhas da taxa de juros nominal, com objetivo de influenciar as taxas de juros mais longas) de maneira mais suave.1
Política monetária no The Cool Assessor
Política monetária é um tema que me interessa muito. Aqui na newsletter, já abordei temas como Taxa de inflação mensal por mandato do presidente do BCB, Por que os bancos estão expostos à política monetária?, O teto dos gastos e a eficácia da política monetária; A condução da política monetária nos EUA e Como a política monetária nos EUA afeta as empresas em outros países?, dentre outros. Mas sempre há temas novos, portanto, se tiver sugestões, elas serão muitíssimo bem-vindas!
Woodford, Michael. "Optimal interest-rate smoothing." The Review of Economic Studies 70, no. 4 (2003): 861-886.